A Histria de Portugal
apresenta diversos denominadores comuns entre as naes europias mais
antigas, cujas origens remontam ao incio da Idade Mdia, e que, com este
pas, se tornaram grandes potncias durante a Era dos Descobrimentos,
dispondo de um vasto Imprio. A seguir a ao apogeu de Portugal como
potncia, este pas perdeu muito do seu estatuto e reconhecimento, em
grande parte devido ao Terremoto de 1755 em Lisboa, ocupao durante as
Guerras Napolenicas, e independncia do Brasil em 1822 como colnia.
Uma revoluo em 1910 iria depr o regime monrquico e, durante a maioria
do tempo nas seis dcadas seguintes, o pas foi governado repressivamente.
Em 1974, a ala poltica de esquerda liderou o colapso desse regime,
procedendo a grandes reformas democrticas. No ano seguinte, Portugal
consentia a independncia das colnias africanas. Atualmente, Portugal
um dos membros fundadores da NATO e pertence Unio Europia
(inicialmente designada por Comunidade Econmica Europia) desde 1986.
O Princpio
Ver artigo principal: Povos ibricos pr-romanos.
Cerca de 10 000 a.C. a Pennsula Ibrica era habitada por povos autctones
denominados Iberos. Entre eles esto os Tartessos. Pensa-se serem de
origem berbere, do norte da frica, embora esta hiptese no tenha
unanimidade. Porm, a mais estudada. Quatro mil anos depois, a regio
ou a ser habitada por um povo indo-europeu, os Celtas. As tribos
Iberas e Celtas misturaram-se, dando origem aos Celtiberos (como os
Lusitanos, Galaicos ou Gallaeci e os Cnios, entre outras menos
significativas, tais como os Brcaros, Clticos, Coelernos, Equesos,
Grvios, Interamici, Leunos, Luancos, Lmicos, Narbasos, Nemetatos,
Psures, Quaquernos, Seurbos, Tamagani, Taporos, Zoelas, Turodos).
Influncias menores foram os Gregos e os Fencios-Cartagineses (com
pequenas feitorias comerciais costeiras semi-permanentes).
Possesso do Imprio Romano
Ver artigo principal: Invaso romana da Pennsula Ibrica,Lusitnia.
No sculo III a.C. os Romanos penetraram na Pennsula Ibrica no contexto
da Segunda Guerra Pnica que mantiveram contra Cartago. Foram anexadas
duas regies da Pennsula Ibrica por Roma como provncias das Hispnias
(a Citerior e a Ulterior). A conquista total da pennsula pelos Romanos s
ocorreu no tempo do imperador Augusto; Viriato, o rei lusitano, conseguiu
conter a expanso romana durante alguns anos, fazendo com que fosse o
ltimo dos territrios romanos a resistir ocupao romana na pennsula.
No obstante, seria derrotado e morto traio (140 a.C.), e os Romanos
tornaram-se um dos povos que deixaram um importante legado cultural
naquilo que hoje Portugal, mas estes pouco contriburam sobre a
composio tnica portuguesa atual. Uma variante do Latim (Latim Vulgar)
ou a ser o idioma dominante da regio.
No fim do sculo I a.C. o imperador Augusto criou a provncia da
Lusitnia, que correspondia a grande parte do actual territrio portugus,
embora no sua totalidade, j que as terras a norte do rio Douro
integravam a Tarraconense. Em finais do sculo III d.C. o imperador
Diocleciano subdividiu a Tarraconense em outras provncias, entre as quais
se achava a Callaecia, que integrava o norte do atual Portugal, a Galiza e
as Astrias.

Juan I de Portugal |

Heinrich der Seefahrer |

Pombal portrait |
Invasores Brbaros
Ver artigo principal: Invases brbaras da Pennsula Ibrica.
Em 409 d.C. os chamados povos brbaros, Suevos, Alanos e Vndalos (Silingos
e Asdingos), todos de origem germnica, fixam-se na Hispnia. Em 411 estes
povos dividem entre si o territrio: os Vndalos Asdingos ocuparam a
Galcia, os Suevos a regio a norte do Douro, os Alanos ocuparam as
provncias da Lusitnia e a Cartaginense, e os Vndalos Silingos a Btica.
Ao mesmo tempo ocorre a entrada dos Visigodos na pennsula ao servio do
Imprio Romano e com o objetivo de subjugar os invasores.
De todos estes povos, os Suevos e os Visigodos seriam aqueles que teriam
uma presena mais duradoura no territrio que hoje Portugal.
Estabelecendo a capital do seu reino em Braga, a certa altura os Suevos
expandem o seu territrio no sentido da Galiza e da Lusitnia. Os Suevos
eram pagos, tendo sido evangelizados por S. Martinho de Dume. A partir de
470 crescem os problemas do reino suevo com o vizinho reino visigodo. Em
585 o rei visigodo Leovigildo toma Braga e anexa o reino suevo. A partir
daqui toda a Pennsula Ibrica fica unificada sob o reino visigodo (com
excepo de algumas zonas do litoral sul e levantino, controladas pelo
Imprio Bizantino) at queda deste reino em 711.
Os povos brbaros eram numericamente inferiores populao hispano-romana,
pelo que foram obrigados miscigenao tnica e cultural com esta. Muitas
cidades foram destrudas durante este perodo e verificou-se uma
ruralizao da vida econmica.
Ocupao Muulmana
Ver artigos principais: invaso rabe, al-Andalus.
Em 711 a Pennsula Ibrica foi invadida pelos muulmanos (basicamente
Berberes com alguma componente de rabes). Estes dominaram partes da
pennsula por mais de cinco sculos: inicialmente sobre o controlo de
Damasco, como uma provncia do imprio omada, o Al-Andalus, mais tarde
sob a forma de um emirado e califado e, devido ao colapso deste, em
pequenos reinos (taifas) com autonomias caractersticas. Durante estes
sculos, nas Astrias, a nica regio que resistiu invaso rabe,
desenvolvia-se um movimento de reconquista da Pennsula, culminando no fim
do poder poltico islmico nesta com a tomada de Granada pelos Reis
Catlicos (1492). A esta altura, j o reino de Portugal estava formado,
soberano e completo e, talvez por isso, o pas explorava o alm-mar, em
parte sob o pretexto do esprito das Cruzadas, para difundir o
Cristianismo. Os muulmanos que no foram expulsos ou mortos durante o
processo de reconquista, tiveram de aderir aos costumes locais (incluindo
o Cristianismo). No se sabe ao certo o grau existente de mescla com estes
berberes na populao portuguesa atual, mas h um consenso de que esta
mescla existe.
O nascimento de Portugal
Ver artigos principais: Reconquista, Condado Portucalense, Independncia
de Portugal.
Se rpida foi a invaso rabe, a reconquista pelos visigodos foi
francamente mais lenta. Este processo gradual originou o nascimento de
pequenos reinos que iam sendo alargados medida que a Reconquista era bem
sucedida. Primeiro, o Reino das Astrias, que viria a dividir-se entre os
filhos de Afonso III das Astrias quando morreu. Assim nasciam os reinos
de Leo e Castela e, mais tarde, de Navarra e Arago e da Galiza. Mais
tarde Afonso VI de Leo e Castela (autodenominado Imperador de toda a
Espanha), entregou, por mrito, ao seu genro D. Henrique de Borgonha, o
governo do territrio meridional, o Condado Portucalense. Deste condado,
que fazia ainda parte do reino de Leo, mas que dele tinha grande
independncia, nasceria o reino de Portugal. D. Henrique governou no
sentido de conseguir uma completa autonomia para o seu condado e deixou
uma terra portucalense muito mais livre do que aquela que recebera. Por
morte de D. Henrique (1112), sucede-lhe a viva deste, D. Teresa, no
governo do condado durante a menoridade do seu filho Afonso Henriques. O
pensamento de D. Teresa foi idntico ao do seu marido: fortalecer a vida
portucalense, conseguir a independncia para o condado. D. Teresa comeou
(1121) a intitular-se Rainha, mas os muitos conflitos diplomticos e a
influncia que concedeu a alguns nobres galegos (principalmente a Ferno
Peres) na gerncia dos negcios pblicos prejudicou o seu esforo. Aos
catorze anos de idade (1125), o jovem Afonso Henriques arma-se a si
prprio cavaleiro segundo o costume dos reis tornando-se assim
guerreiro independente. A posio de favoritismo em relao aos nobres
galegos e a indiferena para com os fidalgos e eclesisticos portucalenses
originou a revolta destes, sob chefia do seu filho, D. Afonso Henriques.
Juan I de Portugal A luta entre D. Afonso Henriques e sua me
desenrola-se, at que em 1128 se trava a Batalha de So Mamede (Guimares)
e D. Teresa expulsa da terra que dirigira durante 15 anos. Uma vez
vencida, D. Afonso Henriques toma conta do condado, declarando-o
principado independente. Continuou, no entanto, a lutar contra as foras
de Afonso VII de Leo e Castela (inconformado com a perda das terras
portuguesas), enquanto paralelamente travava lutas contra os muulmanos.
Em 1139, Afonso Henriques conseguiu uma importante vitria contra os
Mouros na Batalha de Ourique, tendo declarado a independncia com o apoio
dos chefes portugueses, que o aclamaram como soberano. Nascia, pois, em
1139, o Reino de Portugal e sua primeira dinastia, com o Rei Afonso I de
Portugal (D. Afonso Henriques). S em 1143 reconhecida independncia de
Portugal pelo rei de Castela, no Tratado de Zamora, assinando-se a paz
definitiva. D. Afonso Henriques dirigiu-se ao papa Inocncio II e declarou
Portugal tributrio da Santa S, tendo reclamado para a nova monarquia a
proteo pontifcia. Durante o perodo que se segue, as atenes seguiam,
sempre que possvel, em assegurar essa soberania (que ficou dificultada
durante a crise dinstica de 1383) e prolongar o territrio para Sul.
Os Descobrimentos
Ver artigo principal: Descobrimentos portugueses.
Algures na agem para o sculo XV iniciaram-se vrias campanhas
alm-mar, na conquista de praas em frica, como Ceuta e Tnger. Vendo a
riqueza com que se vivia na regio, os portugueses empenharam-se em
descobrir mais e mais territrio. O pretexto inicial da converso crist
comeava a revelar-se agora um verdadeiro esprito aventureiro, o gosto
por descobrir. Portugal inicia uma longa caminhada pela costa Africana,
redescobrindo a Madeira, Aores e descobrindo So Tom e Prncipe, Cabo
Verde, Angola e a Guin at que D. Joo II, baseado em boatos que procurou
esclarecer, inicia o planejamento de um projeto que iria lanar Portugal
entre as potncias mundiais: uma rota comercial martima para a ndia. O
projeto a a empreendimento, e eis que Vasco da Gama, j no tempo de D.
Manuel I, v a luz ao Oceano ndico e espalha a presena portuguesa pela
costa oriental africana, at ndia. Entretanto tomava-se conhecimento,
atravs de Cristvo Colombo, de novo territrio a Oeste, as mais tarde
chamadas ndias Ocidentais, as Amricas, portanto. E seria a curiosidade
de Pedro lvares Cabral que traria, para o novo Imprio Portugus, o
Brasil. Com todas as suas colnias estabelecidas, Portugal tornou-se
rapidamente um importante explorador comercial, tornando a Pennsula
Ibrica a maior potncia mundial da altura.
O Imprio Portugus
Ver artigo principal: Imprio Portugus.
O Imprio Portugus foi o primeiro e o mais duradouro dos Imprios
coloniais (1415-1999) da Era dos Descobrimentos. Aps a descoberta da
costa Africana, enquanto se avanava por terra para o centro do
continente, exploravam-se outras alternativas rumo s especiarias. A
intensidade desta procura, por vrias naes, iria permiti-las estabelecer
vastas colnias em todo o mundo, e Portugal foi uma dessas naes. Desde a
Amrica do Sul sia, Portugal espalhava a lngua e os costumes, trazendo
para o pas grandes riquezas, muitas vezes em prejuzo das colnias.
No entanto, logo aps a Segunda Guerra Mundial comeou a ruptura das
dominaes coloniais, a que Portugal no escapou. Aps a perda do Estado
Portugus da ndia, a situao manteve-se relativamente controlada at
que, em 1961, estalavam os primeiros confrontos armados em Angola, a que
se sucederiam intensos combates.
Dinastia Filipina
Ver artigo principal: Dinastia Filipina.
Em 1580, Portugal enfrenta uma crise dinstica cuja anlise se mostrava
complexa. Apesar dos esforos de D. Antnio, o Prior do Crato, o trono
caa nas mos dos reis de Espanha, sob a forma de monarquia dual - dois
reinos, um rei. Face ao ocorrido, e instabilidade social provocada pela
quebra de promessas pelos reis castelhanos, Portugal vive um perodo de
guerra interna pela restaurao da Independncia, at conseguir a Paz que
elevaria D. Joo IV ao trono portugus.
Aps 1640 (fim da dinastia filipina), a Coroa Portuguesa criou o Conselho
Ultramarino, encarregado de uma nova poltica colonial, com o objetivo de
superar a situao econmica enfrentada pela Metrpole. Neste contexto, o
Brasil, como a maior e a mais rica das colnias, foi alvo de um arrocho
econmico e istrativo, e ao mesmo tempo, estimulou-se a busca pelo
ouro e pedras preciosas. Assim, procurou-se reduzir os poderes das Cmaras
Municipais, caracterizados no localismo poltico dos Homens Bons da
Colnia.
Era Pombalina
No princpio do sculo XVIII, Sebastio Jos de Carvalho e Melo, o Marqus
de Pombal assume o cargo de primeiro-ministro, e torna-se responsvel por
reformas em vrias reas. Introduziu em Portugal a doutrina do "direito
divino dos reis", revelando-se um dspota esclarecido ao servio de um
apagado rei absoluto, D. Jos I. Os jesutas, defensores do pacto de
sujeio do rei Repblica, foram naturalmente expulsos. As Cortes nunca
reuniram. Foi muito contestado pela sua crueldade e rigidez, evidente no
processo dos Tvora. A reconstruo da baixa de Lisboa, aps o Terremoto
de 1755, expressa os conceitos urbanos e estticos do Iluminismo.
Relativamente ao Brasil, o Marqus considerava-o uma colnia estritamente
dependente de Lisboa e ao servio do enriquecimento do Reino de Portugal;
o povo brasileiro sentiu-se desprezado, o que gerou a instabilidade local
suficiente para que a colnia se revoltasse e se viesse a tornar
independente.
Guerra Peninsular
Ver artigo principal: Guerra Peninsular.
Entretanto, na Europa, um brilhante estratgia militar, Napoleo
Bonaparte, inicia uma campanha de larga escala contra os pases que no se
assumiam contra Inglaterra. Portugal foi um deles, trazendo nao um
perodo de conflitos, agravado pela aliana com a Espanha que, com o
Tratado de Fontainebleau, esperava conseguir o que os Filipes tinham
tentado anteriormente. Desta vez, com o auxlio da aliada de longa data, a
Inglaterra, Portugal conseguiu implementar linhas de defesa slidas e
evitar a ocupao; entretanto ia infringindo golpes nos territrios
ses da Amrica do Sul.
A Revoluo Liberal de 1820
Ver artigo principal: Revoluo liberal do Porto.
Nos incios do sculo XIX Portugal vivia uma crise motivada pela partida
da famlia real para o Brasil, pelas conseqncias destrutivas das
Invases Napolenicas, pelo domnio dos ingleses sobre Portugal e pela
abertura dos portos do Brasil ao comrcio mundial, o que tinha provocado a
runa de muitos comerciantes portugueses. Ao mesmo tempo, a ideologia
liberal implantava-se em pequenos grupos da burguesia.
No dia 24 de Agosto de 1820 eclodiu no Porto uma revoluo cujo objetivo
imediato era convocar Cortes que dotassem Portugal de um texto
constitucional.
Esta revoluo no encontrou oposio. Tendo a cidade de Lisboa aderido ao
movimento, formou-se uma Junta Provisria cujo objetivo era organizar as
eleies para eleger as Cortes. Os deputados eleitos, oriundos de todo o
territrio controlado por Portugal (Brasil, Madeira, Aores, dependncias
da frica e sia) formaram as Cortes Constituintes.
O rei D. Joo VI foi intimado pelas Cortes a regressar a Portugal. Antes
de voltar nomeia o seu filho, o prncipe D. Pedro, regente do reino do
Brasil, o que desagradou s Cortes Constituintes que entendiam que a
soberania s poderia residir em Portugal continental. As cortes ordenaram
tambm que D. Pedro deixasse o Brasil para se educar na Europa. Estas
atitudes geraram o descontentamento ds 65 deputados brasileiros nas Cortes
Constituintes, que deixam o pas em direo ao Brasil. No dia 7 de
Setembro de 1822 o prncipe D. Pedro recebe mais uma mensagem das Cortes,
que rasga diante dos seus companheiros, exclamando: "Independncia ou
morte!". Este acto, conhecido como o grito de Ipiranga, marcaria a data da
independncia do Brasil.
No mesmo ano as Cortes aprovaram a Constituio. Inspirada na Constituio
sa de 1791, consagra a diviso tripartida dos poderes (legislativo,
executivo e judicial), limitava o papel do rei a uma mera funo
simblica, colocando o poder no governo e num parlamento unicamaral eleito
por sufrgio directo.
Guerras liberais
Ver artigo principal: Guerras liberais.
Com a morte de D. Joo VI, levantava-se um problema de sucesso. Aps D.
Pedro IV ter sido forado a abdicar do trono de Portugal em favor do trono
do Brasil, D. Maria II subia ao trono por legitimidade. Entretanto, D.
Miguel, que j se revoltara pelo menos duas vezes e estava exilado, foi
nomeado regente do Reino, e o casamento com D. Maria seria arranjado. Na
tentativa de impor o seu regime monrquico-constitucional, deps o regime
absolutista de D. Maria dando incio a seis anos de conflitos armados com
intervenes da poltica internacional. Para resolver a situao, D. Pedro
abdica do trono para o seu filho Pedro II do Brasil, e impe-se, pela
fora. As derrotas sucessivas de D. Miguel iriam for-lo a desistir da
luta no compromisso de vora-Monte, e permitir a restaurao da Carta
Constitucional de 1826 e do trono de D. Maria II.
Primeira Repblica
Ver artigo principal: Proclamao da Repblica Portuguesa, Governo
Provisrio da Repblica Portuguesa.
O Republicanismo acentuou-se de tal forma na primeira dcada do sculo XX
que vrios elementos da famlia real foram abatidos. A 3 de Outubro de
1910 estalava uma revolta que provocaria a abdicao de D. Manuel II a
favor da Repblica Portuguesa. Constitua-se o primeiro Governo
Provisrio, encabeado por Tefilo Braga, naquele que ficou conhecido como
o primeiro momento do perodo das Trs Repblicas.
A ditadura e o Estado Novo
Ver artigos principais: Salazarismo, Estado Novo.
Por volta de 1928 tornara-se premente a situao financeira do Estado
portugus. Nesse ano foi chamado ao governo um professor de Finanas da
Universidade de Coimbra, Antnio de Oliveira Salazar, que teria os
destinos de Portugal nas suas mos durante as prximas quatro dcadas.
O seu pensamento poltico rejeitava o comunismo, mas tambm as tradies
do liberalismo poltico e econmico. Profundamente conservador e
nacionalista, alimentava uma nostalgia pelo meio rural, considerado ideal.
Em 1932 Salazar abandona o cargo de ministro das Finanas, para se tornar
presidente do Conselho de Ministros. A partir daqui dedica-se a montar as
estruturas do novo regime poltico, caracterizado pela existncia de um
nico partido (a Unio Nacional), por um sistema econmico regulador da
economia (condicionalismo industrial) e pelo antiparlamentarismo.
Em 1933, entrou em vigor a nova Constituio Portuguesa. De cariz
presidencialista, itia a existncia de uma Assemblia Nacional e de uma
Cmara Corporativa composta por elementos ligados s profisses. Na
prtica, o presidente da Repblica foi uma figura apagada, a Assemblia
Nacional foi ocupada por apoiantes do regime e o poder concentrou-se na
figura de Salazar.
Os antigos partidos polticos portugueses desaparecem, com excepo do
Partido Comunista Portugus (fundado em 1921), cujos dirigentes foram
duramente perseguidos pela polcia poltica (PVDE e depois, PIDE). A
censura, restabelecida em 1926, foi consolidada e todas as greves
proibidas. Em 1936 o regime cria a Mocidade Portuguesa, cujo propsito era
incutir juventude do pas as idias do regime.
Durante a Segunda Guerra Mundial Portugal manteve-se neutro no conflito,
tendo beneficiado com a venda de volfrmio, usado para o fabrico de
material blico. Em 1949 Portugal ingressa na Organizao do Tratado do
Atlntico Norte (OTAN/NATO) e em 1955 na Organizao das Naes Unidas.
Nos anos sessenta Portugal registrou um forte fenmeno de emigrao. Os
destinos principais dos portugueses, motivados pelo desejo por melhores
condies de vida, foram a Frana e a Alemanha Ocidental.
No dia 19 de Dezembro de 1961 tropas da ndia invadem os territrios
portugueses de Goa, Damo e Diu. No mesmo ano estala a guerra de
independncia em Angola.
Guerra do Ultramar
Ver artigo principal: Guerra colonial portuguesa.
No contexto poltico-social do ps-Segunda Guerra Mundial, em que
subsistiam os princpios de autodeterminao e independncia, as colnias
em todo o Mundo se revoltavam contra os colonizadores, exigindo a
independncia, ou uma forma de governo equiparvel metrpole. As
possesses portuguesas, agora designadas provncias ultramarinas no foram
excepo, e entre 1961 e 1964 estalam uma srie de tumultos violentos
contra as foras portuguesas exigindo a libertao dos povos. Primeiro em
Angola, depois na Guin Portuguesa e Cabo Verde, e em 1964 em Moambique,
dava-se incio ao um conflito armado que ficou conhecido na historiografia
portuguesa como Guerra do Ultramar, e na historiografia das antigas
colnias como Guerra de Libertao. A insustentabilidade de uma guerra de
trs frentes (desprezando Timor Portugus, cuja distncia tornou invivel
a interveno portuguesa), aliado a um contexto poltico-social
ditatorial, fariam o pas revoltar-se contra o governo e, num movimento
apoiado pelas Foras Armadas, libertava-se o pas do regime opressor que
se vivia, com a designada Revoluo dos Cravos.
Revoluo dos Cravos
Ver artigo principal: Revoluo dos Cravos.
Numa conspirao militar, o Exrcito Portugus consegue ser bem sucedido
num golpe de estado que, por no ser violento, se tratou de designar
historiograficamente de Revoluo dos Cravos e que ocorreu no dia 25 de
Abril de 1974. Os dirigentes do movimento (os "Capites de Abril"),
assumiram como prioridades o fim da polcia poltica, o restabelecimento
da liberdade de expresso e pensamento, o reconhecimento dos partidos
polticos existentes ou a criar e a negociao com os movimentos de
independncia das colnias.
O poder seria assumido pela Junta de Salvao Nacional, constituda por
militares, rgo que seria substitudo pelo Conselho da Revoluo
(1975-1982). Antnio de Spnola foi designado Presidente da Repblica,
tendo entrado em funcionamento o primeiro de uma srie de governos
provisrios, presidido por Palma Carlos.
No dia 11 de Maro de 1975 o pas viveu a ameaa de um golpe de estado
direitista encabeado por militares prximos a Spnola, que entretanto,
descontente com aquilo que consideravam ser uma deriva esquerdista na vida
poltica nacional tinha partido para Espanha. No mesmo dia o governo
provisrio tomou medidas socialistas na economia, decretando a
nacionalizao da banca e dos seguros.
No dia 25 de Abril de 1975, ado justamente um ano sobre a revoluo,
realizaram-se as primeiras eleies democrticas, cujo objetivo era formar
uma Assemblia Constituinte que elaborasse uma constituio para o pas.
Essa constituio seria promulgada no dia 2 de Abril de 1976 e a
constituio que rege Portugal at hoje, apesar de ter sido revista em
vrias ocasies.